A maioria das biografias e artigos sobre Robert Ervin Howard, apenas fala sobre dados de nascimento, influência e sua precoce morte. Nesse artigo procuraremos analisar aspectos da sua personalidade e influencias que levaram esse talento a escrever contos, poesias e criar personagens como Conan, O Bárbaro, Rei Kull, Salomon Kane, Sonja, Valéria e tantos outros. Nascido em 1906 e falecido em 1936 no Texas, desde a primeira infância teve propensão à literatura e aos 15 anos já tentava vender sem sucesso os seus contos. Mesmo demonstrando talento, a competividade em tudo que o dinheiro e sucesso provocam no modo de vida norte-americano, não seria reconhecido pelos editores, não fosse sua força de vontade, aliada a um forte físico invejável e que provocava respeito, tendo em vista que ele havia sido boxer. Com a aparência de um gangster, mas com a educação de um intelectual, Howard desde a adolescência acreditava que podia vencer como escritor, por isso escreveu contos que não foram aceitos na época. Nunca ingressou numa faculdade, tendo feito apenas o colegial, porém lia tudo que lhe chegasse às mãos.
Fascinado por história geral, especializou-se em contos com personagens por ele criados que viviam em épocas da antiguidade. Esse talento talvez tivesse ficado relegado a algumas publicações na revista Weird Tales e desaparecido como tantos outros, não fosse outro gênio literário que cruzou seu caminho. H. P. Lovecraft o mestre do terror e do mistério, conheceu Howard quando ele tinha abandonado todos os trabalhos que apareciam, dedicando-se exclusivamente a escrever e criar personagens para seus contos. Lovecraft que era estudioso e discípulo do John Dee, ocultista e ligado aos Rosa-cruzes do século XVI, apresentou as obras desse alquimista, filósofo e hermetista que o deixou fascinado e até o final da sua breve vida mantiveram correspondências sobre temas ligados ao ocultismo. Isso talvez explique porque Howard dividiu seus personagens vivendo em fases diferentes da história da humanidade. Era Pré-Atlântica (Rei Kull), era Pós-Atlântica (Konan, Sonja), e era vulgar (Bran Mak Morn e Salolon Kane), servem como exemplos para um estudo mais apurado sobre a vida de Howard. Salomon Kane foi o primeiro personagem criado por ele e publicado pela Weird Tales. É provável que ele tenha tido um conhecimento mais profundo dos ensinamentos de John Dee, pois bem antes da formação dos continentes como é hoje, alguns cientistas afirmam que a terra era um só continente chamado Pângea, e Platão na Grecia antiga relata a existência da Atlântida, continente desaparecido há cerca de 12.000 anos, coisas em que Dee acreditava. Certas correntes filosóficas e esotéricas também creem que há 25.000 anos houve um continente no oceano pacífico chamado Lemúria e 40.000 anos antes, outro chamado Hiperbóreo. Do estudo desses continentes, provavelmente, Howard tirou os nomes que deu as terras onde seu personagem mais famoso Conan, viveu. Devido ter colecionado muitas amizades, mais também muitos inimigos, e por ter tido apenas uma namorada, ele foi acusado de ser homossexual, coisa que nunca ficou provado, mas que alguns biógrafos afirmam ter certeza. A verdade é que ele tinha um amor muito grande por sua mãe e especula-se que sofria do complexo de Édipo.
Desde o começo dos anos 20, ele se preocupava com a saúde dela e anos depois, nas suas cartas para H.P. Lovecraft, ele fazia menção sobre os cuidados que tinha com ela. Em 1935, com seus personagens fazendo sucesso e sendo imitado por outros escritores, a Sra. Hester Jane Ervin Howard teve que fazer uma cirurgia da qual não foi bem sucedida. Seu estado de saúde foi se agravando e com isso ele entrou em depressão a ponto de não se interessar pelo trabalho. Em maio de 1936 sua mãe entrou em coma, piorando ainda mais sua depressão. Em 11 de junho de 1936, ao saber que o quadro clínico dela era irreversível, Howard cometeu suicídio, dentro do seu carro, disparando um tiro na cabeça. Foi levado para uma emergência onde ficou por algumas horas, mas não sobreviveu. Seu amigo, Lovecraft ficou profundamente chocado ao saber do suicídio, pois Howard era uma das poucas pessoas a privar da sua amizade. Com sua morte, seus personagens foram fazendo maior sucesso e seus seguidores se multiplicando, sendo que alguns deles chegaram ao sucesso como J.R.R. Tolkien.
O Talento do criador de Conan, O Bárbaro, foi reconhecido mundialmente, pois suas obras foram traduzidas para mais de 30 idiomas. Talvez quem por inveja ou preconceito não tenha reconhecido o talento de Howard tenha sido Alan Moore, roteirista de HQs que chamou Howard de sádico, dizendo que seus personagens têm prazer em matar e estuprar mulheres. Mas que dizer de um roteirista que se denomina como anarquista? Howard é muito mais que um escritor. É um Deus. É Cimério. É Crom.
Djalma Vasconcelos
P.S. Algumas informações foram extraídas da biografia de Robert E. Howard, The One Who Walk Alone, da autoria de Novalyne Price sua ex namorada.
