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O TERRORISMO FEITO COM OS GIBIS DE TERROR

O TERRORISMO FEITO COM OS GIBIS DE TERROR

De todos os gêneros das histórias em quadrinhos, o de terror é sem dúvida o mais perseguido. Desde tempos remotos, os escritores foram buscar enredos e personagens que atingisse os leitores através do medo em fatos da história. No século XIX, vários escritores se dedicaram aos gêneros do terror e sobrenatural. Talentos como Guy de Maupassant (O Grande Livro do Medo), Edgar Alan Poe (O Corvo), Mary Shelley (Frankestein) e Abraham “Bram” Stoker (Drácula) apenas para ilustrar, ficaram célebres por criarem obras e personagens que até hoje são sucesso pelo medo que causam.

Com a popularização dos comics, esse gênero começou a ter expansão em todo mundo, inclusive no Brasil. Filmes e histórias do Vampiro Nosferatu, (depois Drácula), zumbis ou mortos vivos, fantasmas de piratas mortos há séculos e principalmente a mais maltratada personagem do terror, a múmia, fez a alegria dos editores que viam seus caixas se enchendo e com pouco custo, visto que muitos dos personagens são de domínio popular. Mas não contavam com a perseguição aos quadrinhos.

O gênero terror foi o primeiro a ser perseguido, censurado e até mesmo proibido, antes mesmo de qualquer outro gênero. No final dos anos 40, existia uma quantidade enorme de títulos de terror, tanto nos Estados Unidos como no Brasil. Aproveitando a política do Macarthismo e a guerra fria iniciada no final dos anos 40, vários escritores oportunistas publicaram livros atacando os comics, entre eles destaca-se Fredric Wertham (1895/1981), psiquiatra nascido na Alemanha mas que imigrou jovem para os Estados Unidos, e que notabilizou-se por escrever livros atacando os gibis e especialmente os do gênero terror. Sua influência foi tão grande na opinião pública americana que o congresso dos Estados Unidos criou o Subcomitê sobre Delinquência Juvenil, que levou as barras dos tribunais, editores, e criadores de revistas em quadrinhos. Essa politica teria que ter reflexos no exterior e no Brasil, estávamos saindo da ditadura Vargas, mas sob o governo do general Dutra que era influenciado pelo clero católico e políticos de extrema direita. Alegavam que as revistas de terror continham personagens que despertava o medo, mas principalmente a sexualidade nos jovens, pois tinham cenas sensuais de um vampiro sugando o pescoço de uma mulher, por exemplo, sempre com ela vestida com roupas de dormir. Piras de revistas foram para no fogo, lembrando a inquisição e o recente nazismo que tanto combateram.

Tanto nos Estados Unidos como no Brasil teve pessoas que defenderam com tenacidade e bons argumentos essa perseguição. No Brasil destaca-se Adolfo Aizen fundador da EBAL e precursor dos comics entre nós. Entre os norte-americanos Monroe Froehlich Jr, Martin Goodman, ambos da Timely (Marvel) e William Gaines da da EC Comics, foram os que mais lutaram contra essa perseguição. A Constituição de ambos os países permite a livre expressão de ideias e pensamentos, podendo ser expressas em qualquer veículo, porém, o apoio de associação de pais e de magistrados que interpretaram a Lei, de acordo com seus interesses, obrigou as editoras recuarem e como uma rendição criou o Comics Code Authority. A versão brasileira dele foi o Código de Ética dos Quadrinhos. Todas as revistas teriam que trazer nas capas ou no expediente delas, a informação que estava aprovada pelo Código. Com isso, as revistas de terror praticamente sumiram das bancas, pois não podiam conter nas capas, cenas de sangue, assassinato com arma branca, conteúdo que levasse os jovens a ter pensamentos eróticos e outras aberrações. Isso levou as editoras voltarem a explorar o universo dos Super-heróis que de 1960 em diante teve novo crescimento.

No Brasil praticamente todas as editoras exploraram o gênero terror. Nosso país é dotado de um farto material para criação do “terror brasileiro”. Mula de Sem Cabeça, Curupira, Boiuna, Papafigo, Mãe D’agua, Viúva da Meia Noite e outros, serviram de inspiração para vários roteiristas nacionais criarem histórias, mas que ficaram sem ter onde publicar, devido a censura disfarçada. A DC Comics, foi a única editora a não se render e mesmo sob pressão, continuou sutilmente criando personagens ligados ao terror. Dois exemplos disso é a criação em 1984 por Alan Moore do Monstro do Pântano que fez estrondoso sucesso, seguido logo depois por Sandman de Neil Gaiman. Com isso, foi criado o selo Vertigo, dirigido ao público adulto, mas como o Código de Ética já estava sem tanta expressão, qualquer pessoa comprava. Em 2000 o Comics Code Authority deixou de existir. Atualmente vigora na maioria dos países, uma classificação por faixa etária. Revistas como Contos da Kripta, Frankestein, Drácula, Mistery Magazine agradecem. Anos depois descobriu-se que Fredric Wertham tinha manipulado informações e atendendo interesses políticos, publicado o livro que é a Bíblia das perseguições dos quadrinhos, principalmente ao gênero do terror. Ele ainda tentou se justificar perante a opinião publica americana, lançando um novo livro se retratando, mas não teve nenhuma credibilidade.

Djalma Vasconcelos

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