O roteirista Garth Ennis conquistou milhares de fãs com suas histórias que misturam violência e humor negro. Nascido em 16 de janeiro de 1970, em Belfast, na Irlanda do Norte, iniciou sua carreira nos quadrinhos aos 19 anos, com a série Troubled Souls, sobre um homem envolvido com a situação política de seu país, lançada em capítulos na revista inglesa Crisis. Depois, Ennis escreveu a sátira religiosa True Faith, também para a Crisis. Seu talento chamou a atenção dos editores da revista em quadrinhos 2000 AD e Ennis logo criou algumas histórias curtas para o título, até ser convidado a escrever o personagem mais importante da revista e dos quadrinhos ingleses, o Juiz Dredd, um policial que enfrenta inúmeros perigos em uma megalópole pós-apocalíptica.

O trabalho de Ennis foi notado por Karen Berger, editora da DC Comics, que convidou o irlandês a tornar-se roteirista da revista Hellblazer, sobre as aventuras aterrorizantes do mago britânico John Constantine. Ennis, um ateu, emprestou sua visão ácida do mundo à revista a partir de 1991 e o título se tornou um sucesso entre a crítica, com algumas das histórias mais memoráveis da carreira do personagem. Em 1993, Ennis assumiu os roteiros da revista The Demon, sobre o demônio Etrigan, que fala em rimas, na qual Ennis criou uma visão algo ridícula do inferno. Ennis ficou no título até 1995 e saiu para criar seu trabalho de de mais sucesso: Preacher, uma série do selo Vertigo sobre Jesse Custer, um pastor protestante que recebe uma parcela do poder divino e parte em busca de Deus, que ele acredita ter abandonado a raça humana à própria sorte. A série teve desenhos do inglês Steve Dillon e rendeu a Ennis diversas indicações ao prêmio Eisner. Ainda para a DC, em 1997, Ennis e o desenhista John McCrea criaram a série Hitman, sobre um matador de aluguel capaz de ler mentes.

Vários trabalhos se seguiram. Para a Image, em 1996, Ennis escreveu o início da série Darkness, sobre um mafioso com poderes sombrios, e Witchblade: Era das Trevas, que mostrava o encontro entre a versão medieval de Spawn e a heroína que tem uma manopla sobrenatural como arma. Para a Valiant Comics, Ennis criou uma nova versão do herói Shadowman. Na DC, escreveu também minisséries como Goddess (1995); Bloody Mary (1997), Pride and Joy e O Soldado Desconhecido (1998). Em 1995, Ennis escreveu para a Marvel a edição especial Justiceiro Massacra o Universo Marvel, onde o vigilante mata todos os heróis e vilões da editora, em vingança pela morte de sua família, ocorrida numa batalha entre superseres. O sucesso da edição fez com que Ennis fosse convidado pelo editor Joe Quesada a escrever a revista regular do Justiceiro quando Preacher terminasse. Com o final de sua série na Vertigo em 2000, Ennis aceitou a proposta. ele escreveu dezenas de aventuras do Justiceiro em diversas encarnações da revista pelos nove anos seguintes, além de histórias estreladas por Homem-Aranha, Motoqueiro Fantasmas, Hulk e Nick Fury.

Em 2006, Ennis criou para a Wildstorm a série The Boys, sobre um grupo de agentes governamentais que investigam e enfrentam os super-heróis do mundo, mostrados como sujeitos egocêntricos e imorais. Mas, após as seis primeiras edições, a Wildstorm – que pertence à DC Comics – decidiu interromper a série, preocupada com suas críticas ao universo dos super-heróis. Ennis e o desenhista Darick Robertson levaram a série para a Dynamite Entertainment, onde ela seria publicada até sua conclusão, em 2012. É para a Dynamite que Ennis tem realizado a maior parte de seus trabalhos recentes, como a série O Sombra, uma retomado do herói dos pulps, Jennifer Blood, sobre uma assassina de aluguel; Battlefields, com tramas passadas durante a Segunda Guerra Mundial; e Red Team, que acompanha uma equipe especial da polícia. Em paralelo, Ennis criou e escreve para a Avatar Press a série apocalíptica Crossed, sobre uma praga que leva os seres humanos a realizar seus pensamentos maios sombrios e violentos.