WhatsApp
Descubra quem foi Carlos Zéfiro, o rei dos quadrinhos eróticos brasileiros

Descubra quem foi Carlos Zéfiro, o rei dos quadrinhos eróticos brasileiros

O ano era 1991 e uma reportagem escrita pelo jornalista Juca Kfouri para a revista Playboy revelava a identidade do mais famoso autor de quadrinhos eróticos do Brasil. Carlos Zéfiro, responsável por histórias como As aventuras de João Cavalo e Luíza, a insaciável, era na verdade o funcionário público aposentado Alcides Aguiar Caminha, que vivia anônimo no bairro Anchieta, no Rio de Janeiro.

Carlos Zéfiro ficou conhecido por produzir revistinhas eróticas desenhadas em preto e branco, predominantemente com tamanho de 1/4 de folha ofício, de até 32 páginas, que eram vendidas em bancas de jornais entre 1950 e 1970 e chegaram a tiragens de até 30.000 exemplares. O artista fez cerca de 500 dos "catecismos", como eram conhecidos, por terem o formato semelhante aos livretos usados para o ensino de religão em igrejas.

Essas revistinhas influenciaram toda uma geração de jovens que viviam uma época de pouca liberdade sexual. As histórias, que traziam títulos curiosos como A Filha da Minha Amante, A Fogosa, Cobra Criada, tinham como características o realismo, o fato de serem narradas em primeira pessoa, apresentarem um desenho simples em preto e branco e um texto escrachadamente erótico.

Até o início dos anos 90, a identidade de Carlos Zéfiro permanecia um mistério. No ano de 91, três reportagens foram produzidas com o objetivo de revelar a identididade do rei dos gibis eróticos brasileiros. No jornal A Notícia, uma matéria afirmou que Zéfiro era Eduardo Barbosa, desenhista veterano da Série Sagrada, quadrinhos bíblicos da editora Ebal. Duas semanas depois, tal matéria foi desmentida pelo programa Documento Especial, da TV Manchete, que não conseguiu revelar quem era o verdadeiro Carlos Zéfiro.

Após alguns meses, o jornalista Juca Kfouri divulgou a verdadeira identidade do quadrinista nas páginas da Playboy. “Acabou o mistério de trinta anos”, dizia a revista numa matéria que esclarecia que Carlos Zéfiro era Alcides Aguiar Caminha. O autor contou inclusive que várias das aventuras sexuais retratas nos gibis foram presenciadas ou vividas pelo próprio.

Caminha disse posteriormente que Eduardo Barbosa fazia parte do processo de produção dos quadrinhos. Alcides Caminha era responsável pelos roteiro e desenhos, Eduardo Barbosa era o arte finalista e Hélio Brandão, que era um livreiro, imprimia e distribuía os gibis nos diversos pontos de venda.

Alcides se escondeu no pseudônimo Carlos Zéfiro durante tantos anos para espapar da censura imposta pela ditadura militar brasileira e manter seu emprego. Caso fosse descoberto, poderia ser demitido por conta da Lei 1.711 de 1952 que possibilitava a demissão do funcionário público que cometesse “incontinência pública escandalosa”. É válido lembrar que foi realizada em Brasília, no ano de 1970, uma investigação para descobrir a identidade de Carlos Zéfiro. Hélio Brandão chegou a ser preso durante três dias, mas foi liberado posteriormente e a investigação não foi para frente.

O autor ganhou status de celebridade nos meses que seguiram a revelação da sua identidade, dando entrevista para o Jô Soares no programa Jô Onze e Meia do SBT e sendo um dos destaques da I Bienal de Quadrinhos, que aconteceu no Rio de Janeiro.

A parte triste dessa história é que o quadrinista só pôde aproveitar nove meses de fama, uma vez que faleceu em 5 de julho de 1992, aos 70 anos. As editoras Maciota, Record, Marco Zero e Cena Muda republicaram os trabalhos de Alcides nos anos seguintes.

Fontes:

O Evangelho Segundo Carlos Zéfiro

Quem foi o quadrinista que ensinou os nossos avós a trepar

Enciclopédia Itaú Cultural

Livro desvenda mistérios de Carlos Zéfiro, o guru brasileiro do sexo

Biografia de Carlos Zéfiro

O Deus da Sacanagem: a Vida e o Tempo de Carlos Zéfiro - Gonçalo Junior

21 produtos encontrados
Filtros
Departamento
Categoria
Marca
Filtros
Departamento
Categoria
Marca