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Personagens Infantis Esquecidos

Personagens Infantis Esquecidos

As tiras diárias em jornais com heróis criados por roteiristas e desenhistas, que deram origem as revistas em quadrinhos, remontam a segunda metade do século XIX. Muitos desses personagens foram inspirados em imigrantes, políticos, crianças e animais de estimação desses roteiristas. Os Estados Unidos foi o país onde mais prosperou esse tipo de arte, devido ao fluxo migratório de pessoas para “fazer a América”, mas países como a França, Inglaterra e Alemanha, também tiveram em seus jornais, tiras e até mesmo revistas com protagonistas nativos. Exceto apenas dois, todos os personagens aqui citados, tiveram suas histórias transportadas para o cinema. Nesse artigo, vamos mostrar como a política influiu no destino de alguns personagens, bem como na mudança das origens deles.

OS SOBRINHOS DO CAPITÃO- (Katzenjammer Kids ou The Captain and the Kids) - Criado em 1897 nos Estados Unidos por Rudolph Dirks, de descendência alemã, esses endiabrados garotos foram um dos primeiros desenhos a sair das tiras de jornais para o cinema. Seu autor foi também quem criou os “balões”, que mudou o conceito de ler Gibis. No original, eles são alemães, mas com o inicio na primeira guerra mundial, houve forte rejeição de qualquer coisa alemã por parte dos americanos e seus editores mudaram o sotaque e origem deles para a Holanda. Após o conflito voltaram a ser germânicos. No Brasil a exclusividade foi primeiramente da Rio Gráfica Editora (atual Editora Globo) em 1938, na revista O Globo Juvenil Semanal. Em 1961 a EBAL adquiriu os direitos autorais e publicou suas histórias na revista Capitão Z, mas os tempos eram outros e não durou muito para ser cancelado.

PAFUNCIO E MAROCAS – Bringing up Father – A criação desses personagens em 1913 deixou George McManus milionário e é um caso raro (exceto Walt Disney) de alguém ficar rico com apenas uma obra. Sem entrar no lado social, ético e moral o fato dos personagens serem novos ricos, talvez tenham atraído tanto a atenção dos leitores americanos na época para justificar o sucesso deles. McManus cuidou da sua criação até 1940. No Brasil o sucesso desse imigrante irlandês que fica rico apostando em corridas de cavalos, se deu mais nas tiras dos jornais do que em revista própria. A Rio Gráfica Editora deteve durante anos os direitos de publicação. Em 2000 a King Features Syndicate, que detém os direitos autorais sobre os personagens cancelou a revista. Atualmente, um exemplar dessa revista está com um valor muito alto.

O DIPLOMATA – Der Diplomat – Criado pela UFA – Universe Film Artiengessllshaft – como desenho animado, esse personagem também teve uma fase áurea nas tiras de jornais Alemães e de países nórdicos. Com óculos fundo de garrafa, baixinho, (antítese do povo alemão) maleta executiva e meio esquecido, fez sucesso e chamou a atenção de publicações americanas após a primeira guerra mundial. Com a ascensão do nazismo em 1933 e a perseguição aos funcionários da UFA, por serem judeus, em sua maioria, todas as revistas e filmes que foram produzidas por desenhistas de origem judia foram queimados por ordem de Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler. No Brasil não houve nenhuma publicação desse personagem e apenas três filmes mudos foram exibidos no começo dos anos 30. Sabe-se que apenas na Bélgica e Estados Unidos existem exemplares raros de revistas desse hilário desenho. Com o expurgo feito por Goebbels, vários roteiristas e cineastas fugiram para a França e de lá para os Estados Unidos, entre eles Fritz Lang, mestre de histórias de terror e que inspirou Alfred Hitchcock.

PINDUCA –Carequinha – Henry – Criado em 1932 por Carl Anderson (1865-1948) teve suas histórias publicadas no Brasil pela EBAL, de 1953 a 1961, posteriormente, a Casa Vecchi publicou sem sucesso uma revista do Carequinha por curto período. Esse personagem notabilizou-se por quase nunca falar e só se expressar por cartazes, placas de ruas etc.

GATO FELIX – Felix The Cat. Criado por Pat Sullivan e Otto Messmer em 1919, teve sua primeira aparição nesse mesmo ano no filme mudo Feline Follies e daí, para as tiras diárias dos jornais que aconteceu em 1923. Esse gato talvez tenha inspirado anos depois, Carl Anderson a criar o personagem Pinduca, pois foi o primeiro a fazer sucesso sem falar. Uma das facetas do personagem é criar saídas para enrascadas de um simples ponto de interrogação ou vírgula. Fez tanto sucesso até o advento do cinema falado que foi a primeira imagem a aparecer num tubo de TV experimental da RCA Reserch em 1928. No Brasil ele teve diversas editoras, sendo a primeira a Editora La Selva, depois a RGE, Trieste, e a Vecchi. Desde a sonorização do cinema e as revistas em quadrinhos em cores, esse desenho deixou de interessar comercialmente e até os dias de hoje quase não se vê mais.

O REIZINHO – The Little King – Foi um dos personagens das HQs que mais fez sucesso no século passado. Criado por Otto Soglow em 1930, somente em 1934 explodiu para o mundo pelo King Features Syndicate. Sem ter um nome real, nem nunca falar, esse herói baixinho, gordo e de um bigode ridículo, teve suas histórias publicadas em todo mundo. Muitos pesquisadores no Brasil dizem que foi ele quem inspirou definitivamente, a caracterização do Rei Momo do Carnaval. A EBAL foi a primeira a editar suas histórias no Brasil, seguidos da RGE, Editora O Cruzeiro nas paginas de O GURI.

Djalma Vasconcelos

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