De todos os heróis das histórias em quadrinhos criados no começo do século XX e que fizeram sucesso, os policiais detetives, são talvez os menos lembrados. Os personagens que vamos comentar, hoje estão até esquecidos do grande público, mas que ainda continuam fazendo parte do panteão das lendas dos comics.

NICK HOLMES. O verdadeiro nome desse herói era Remington “Rip” Kirby, um playboy bonitão, culto, elegante e músico que resolveu ser detetive. Transitava tanto na alta sociedade como no submundo da bandidagem. Criado em 1946 por Ward Greene com desenhos de Alex Raymond para o King Features Syndicate destacou-se no meio dos heróis da época pelo modo elegante de tratar os casos que resolvia. Dirigindo uma espetacular Mercedes Benz, se metia em vários tipos de aventuras, com a ajuda da namorada, a modelo Honney Dorian e seu mordomo gorducho Wiggers. A Rio Grafica Editora deteve os direitos sobre ele no Brasil e para ajudar as vendas da revista Globo Juvenil, resolveu mudar seu nome para Nick Holmes em 1947, numa tentativa de inventar uma descendência com o personagem inglês Sherlock Holmes. A RGE publicou suas histórias até o começo da década de 70. A Editora Abril tentou publicar suas histórias nos anos 80, mas não passou de duas edições. A última tira diária foi publicada em junho de 1999 e descontinuada.

RADAR, O POLICIA INTERNACIONAL. Criado por Al Carrano e Otto Binder para a Fawcett Comics em 1946, no mesmo ano em que a International Criminal Police Organization foi transferida da Áustria para a França, passando a ser conhecida mundialmente pela sigla Interpol. O nome do herói era Timothy Peper, detetive que devido sua capacidade de captar informações e antecipar-se aos criminosos, ficou conhecido como Radar. Mesmo trabalhando para a policia internacional ele só atuava em países do hemisfério norte, por isso seu traje sempre era um casaco por cima da roupa e chapéu com aba caída que foram suas marcas registradas. Esse personagem nunca fez sucesso no Brasil, apesar de suas histórias terem um cunho de mistério e humor. A revista O Guri em 1° de outubro de 1946 (Diário da Noite) publicou sua primeira história e a Editora O Cruzeiro ao ficar com o título da revista continuou esporadicamente a publicar suas histórias até 1957. Hoje, completamente esquecido, poucos se lembram das suas aventuras, por isso, as revistas com as histórias desse herói são valorizadas em qualquer idioma.

DICK TRACY. Criado por Chester Gould para o Chicago Tribune, teve sua primeira aparição em 1931 em tiras diárias e pranchas dominicais. Dos três personagens comentados nesse artigo é o mais autêntico e que se assemelha aos spotter (Private Eyes) e policiais civis norte-americanos da primeira metade do século XX. Como sempre fazemos, não vamos contar sua biografia que está em sites da internet, mas divulgar fatos inéditos, pesquisados nos arquivos do Chicago Tribune e em filmes antigos da Republic Pictures e RKO Radio. Dotado de astúcia e coragem, Dick Tracy foi o primeiro herói policial dos quadrinhos a fazer suspense nas histórias. Suas aventuras nas tiras de jornais ficavam amarradas até o capitulo final, quando o crime era esclarecido. O primeiro inimigo mostrado nas tiras foi Big Boy, chefe de quadrilha que matou os pais da namorada dele. Outro inimigo que atormentou a vida do personagem foi o Cobra, misterioso chefe de uma máfia em Chicago, cujo sucesso nos quadrinhos foi levado para o cinema através de seriado semanal em 1937, mas na adaptação para o seriado, mudaram o nome para Aranha. Não vamos informar quem era o Aranha, para que os leitores possam procurar em sebos ou sites a série de sucesso. No Brasil, Dick Tracy apareceu no Suplemento Juvenil em 1938 e esporadicamente em algumas revistas da Ebal na década de 40. As tiras semanais foram publicadas em diversos jornais nas décadas de 30 a 80. A RGE lançou em 1981 uma edição especial em comemoração aos 50 anos do herói.

Djalma Vasconcelos