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HERÓIS DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS DE VERDADE

HERÓIS DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS DE VERDADE

Foi nos Estados Unidos da América que as histórias em quadrinhos tomaram impulso e com o surgimento dos comics, tornou-se um produto comercial rentável. Para se criar um mito ou herói, basta pesquisar a história de cada nação e estudar como ela foi formada, através de colonizadores. Os norte-americanos fazem isso com maestria. Aqui nos Brasil poderíamos explorar um Matias de Albuquerque, índio Poty, Arariboia, Borba Gato, Marcilio Dias, Lampião e muitos outros, mas a mentalidade tupiniquim é de importar culturas e exportar outras coisas que não estão ligadas aos quadrinhos. Com o “Boom” dos comics, principalmente nas décadas de 30 e 40 do século passado, as revistas de farwest viraram mania mundial já explicada em artigo anterior e além dos heróis criados pelo cinema, os ianques foram buscar na sua própria história, personalidades que viveram na época da colonização e após ela. Escolhemos alguns desses mitos e é sobre eles que vamos falar em dois artigos. Algumas informações os leitores somente encontrarão aqui nesse texto ou pesquisando bibliotecas nos Estados Unidos.

DANIEL BOONE - Nascido em 1734 e falecido em 1820, foi um desbravador que contribuiu para a expansão dos Estados Unidos em direção da costa oeste do país. Numa época em que ingleses e franceses, disputavam o território norte-americano, suas explorações em território indígena serviu para fixar outros pioneiros em assentamentos rurais e com isso, criar um sentimento nativista que iriam anos depois ajudar na formação da nação americana. Esse personagem era movido pelo interesse em explorar a caça, pesca e madeira na região onde hoje é o estado de Kentucky. Seu maior feito no período que antecedeu a revolução americana foi ter sido prisioneiro dos Shawnee, tribo indígena descendente da nação Alagongin, um dos povos mais antigos da América e escapado de maneira ardilosa do cativeiro. Lutou ainda na guerra pela independência dos Estados Unidos e depois dela, foi político pelo estado da Virgínia. Hoje figura no panteão dos grandes nomes da história norte-americana. Com a popularização dos comics, seu nome foi incluído para figurar como herói do velho oeste. No final dos anos 40 e por toda década de 50, as histórias desse bravo produzidas nos Estados Unidos, foram publicadas no Brasil pelas editoras EBAL, (Revista O Heroi), e Editora O Cruzeiro (Revista O Guri). Anos depois, quando uma série de TV da 20th Century Fox com o personagem fez bastante sucesso em todo mundo, vários títulos de revistas, mostrando na capa o ator Fess Parker, foram comercializados outra vez em nosso país. O interessante das histórias do herói do Kentucky é que ele nunca usou chapéu de pele de animal, mas como o ator fez anteriormente com muito sucesso outro personagem quase com as mesmas características, Hollywood achou por bem copiar. O personagem que estamos falando é nosso próximo herói.

DAVY CROCKETT - Nascido no Tennessee em 1786 e falecido no Texas em 1836, foi um caçador de ursos e exímio madeireiro que se tornou político congressista americano. Ele mesmo, numa jogada de marketing, se auto intitulou “rei da fronteira selvagem”, conseguindo se eleger em alguns mandatos. Esse sim gostava de usar chapéu de pele de animais, principalmente de ursos e castores. Não teria tido tanta notoriedade se não tivesse morrido na batalha de Álamo, pela independência do Texas do domínio mexicano. As histórias em quadrinhos tiveram nesse madeireiro e político um prato cheio para endeusar o mito do homem do oeste. A revista O Herói, da EBAL, na década de 50, foi a que mais publicou as aventuras dele. Na década de 60, os estúdios de Walt Disney produziram uma série para a Tv e filme com o ator Fess Parker fazendo papel do homem da fronteira. Esse personagem marcou a carreira do ator, pois anos depois ele notabilizou-se com o sucesso de Daniel Boone. No Canadá e Reino Unido, as revistas com aventuras desse herói, cujas vendas tinham caído bastante, depois do filme The Álamo com John Wayne no papel dele, tiveram uma grande procura, mesmo tendo sido canceladas as suas histórias. O preço de uma revista com histórias do caçador do Tennessee hoje na Inglaterra está com preço muito alto.

KIT CARSON - Nascido no Kentucky em 1809 e falecido no Arizona em 1868, foi um autêntico personagem do velho oeste. Conhecedor como poucos das trilhas que levavam as caravanas que colonizaram vários estados norte-americanos, foi também militar e teve participação ativa em guerras contra as tribos indígenas. Combateu na guerra do México contra os Estados Unidos, na qual a Califórnia passou a ser norte-americana e foi ele quem levou para Washington em 1848, a noticia da descoberta de ouro naquela região, que originou na famosa corrida do ouro em 1849. Alguns historiadores acham que os Estados Unidos já sabiam da existência de ouro lá e por isso teriam provocado a guerra e ficado com a posse do estado mais rico do país. Várias revistas, tanto no Brasil como nos Estados Unidos, publicaram as aventuras de herói, sendo que no Brasil, a EBAL através das revistas O Herói (na época não tinha acento) e Aí Mocinho, foi a que mais publicou. Hollywood também fez filme sobre essa lenda do oeste, mas sem muita expressão. Seus feitos foram reconhecidos pelo escritor italiano Gian Luigi Bonelli, criador do famoso personagem TEX, que homenageou o herói de verdade dando o nome ao amigo da sua criação de Kit Carson.

O personagem do velho oeste que vamos comentar agora é uma das maiores lendas da história da colonização dos Estados Unidos. Na terra do Tio Sam, ele é ao lado de outro que comentaremos logo a seguir, um mito e mesmo tendo tido uma vida desregrada, ainda hoje, serve de inspiração para muitos homens do meio oeste.

WILD BILL HICKOK - Nascido James Butler Hickok, em 1837 e falecido em 1876, realmente fez jus a toda fama que o cinema e as revistas em quadrinhos lhe impuseram. Até hoje, quando as histórias de farwest não estão na moda, as revistas com suas histórias ainda são cultuadas nos Estados Unidos e Canadá. Toda essa fama foi ele mesmo que construiu, pois desde cedo foi obrigado pelas circunstâncias da vida a aprender a manejar armas e se impor pela valentia. Ele é o personagem que mais se aproxima dos “mocinhos” fabricados pelo cinema e gibis. Tinha porte atlético, cabelos longos meios ruivos, olhos claros e uma notável capacidade para se envolver em conflitos. Foi militar durante a guerra civil americana, condutor de diligências, xerife e até mesmo tentou a sorte como ator, o que não foi bem sucedido e exímio atirador, o que aumentou ainda mais sua fama, pois se envolveu em muitos duelos que era muito comum no velho oeste. Vale salientar que nunca perdeu para seus desafetos. Dono de uma personalidade forte e com fama de valente, chamou a atenção de vários pistoleiros que tentaram mata-lo, para conseguir fama. Outro detalhe da sua vida é que foi batedor do sétimo regimento de cavalaria do Famoso General Custer e só não permaneceu nessa função devido discordar e da arrogância do general, tendo preferido viver um tempo nos cassinos jogando poker, uma de suas paixões. Essa decisão lhe salvou de ser morto juntamente com todo sétimo regimento do general Custer no massacre de Litlle Bighorn em 25 de junho de 1876. Parece que seu destino estava traçado, pois 38 dias após o massacre ele foi covardemente morto pelas costas enquanto jogava num cassino em Dakota do Sul, por Jack Macall, pistoleiro em busca de fama. Durante toda sua vida e apesar de tantos duelos e brigas com morte, nosso personagem sempre foi absolvido dos crimes, pois atuava em sua maioria dentro da lei. Seu assassino foi enforcado. As histórias desse herói do faroeste no Brasil tiveram um grande mercado nos anos 40/50 e foram publicadas em revistas da EBAL como Reis do Faroeste, Aí Mocinho e O Herói. Nos estados unidos um exemplar de qualquer personagem velho oeste está quase uma raridade, pois as editoras deixaram de publicar histórias do oeste, devido a pouca procura e o preço de uma revista antiga é caro. Recentemente, a Editora AC Comics, começou a investir na volta desses mitos tendo lançado os títulos Kid Colt, Black Diamond, Pecos Bill, Tom Mix e coletâneas com histórias do nosso herói.

BUFFALO BILL - Nascido em 1846 em Iowa e falecido em 1917 em Denver-Colorado. Talvez a personalidade do velho oeste mais conhecida fora dos Estados Unidos devido ao fato de ter sido dono de circo onde era exibida de maneira tosca a vida dos pioneiros do século XIX. William Frederick Cody ficou conhecido como Buffalo Bill, por ter sido um dos maiores caçadores de búfalos daquela época. Esse apelido lhe foi dado por trabalhadores da estrada de ferro Kansas Pacific Reilroad em 1868. Antes disso, ele foi condutor de diligências, gerente de hotel, e antes de completar 15 anos foi um dos que inauguraram em 3 de abril de 1860 o Pony Express,(O Correio a cavalo) o mais pitoresco serviço postal que o mundo conheceu. Esse serviço durou apenas um ano e seis meses e é hoje considerado um marco do empreendedorismo norte-americano. Foi também por pouco tempo batedor para o exercito da União, na guerra da secessão, tendo seguido para terras ao noroeste, a fim de caçar búfalos para alimentar os trabalhadores da ferrovia e ao mesmo tempo deixar os índios que habitavam as planícies da região com fome e obriga-los a fazer tratados com o governo ou migrar para o norte.

Durante sua vida tentou alguns negócios que não deram certos, fazendo com que ele retornasse para o oeste. Gostava de afirmar que deixava seu cabelo louro nos ombros para que se fosse capturado pelos índios, eles teriam um escalpo de valor para pendurar nas suas tendas. Os Sioux tinham respeito por ele e o chamavam de “Pa Heaska” (Cabelo de fogo) . Tinha feito muitos amigos entre as lendas do oeste, entre elas, Wiild Bill Hickok e Annie Oakley, famosa atiradora e Jane Calamidade (Calamity Jane) que foi trabalhar com ele em circo anos depois. Serviu de guia para o General Custer e contam que chorou ao saber que todo sétimo regimento de cavalaria com quase trezentos homens, tinha sido massacrado por uma união de Cheyennes e Sioux, com dez mil homens comandados pelo chefe Touro Sentado (Sitting Bull) e Cavalo Louco, (Crazy Horse), na maior derrota do exercito norte-americano até aquela data. Ele deveria estar sob as ordens do general, mas o mesmo mandou que ele fosse levar uma mensagem ao general Sheridan que estava há mais de oitocentos quilômetros, informando que iria atacar toda tribo Sioux. Ele passou dias cavalgando sob temperaturas abaixo de zero e ao terminar a missão tinha perdido o lado direito da audição para o resto da vida. Mesmo tendo amizade com o chefe Touro Sentado, afirma-se que seu duelo com o chefe Mão Amarela da tribo Cheyenne que terminou com a morte desse último, foi por vingança do massacre. Seu circo Buffalo Bill’s Wild West Show, percorreu todo leste dos Estados Unidos e Europa, após a grande fronteira ter sido colonizada e as últimas tribos indígenas terem sido extintas ou ficado em reservas.

As revistas com histórias desse verdadeiro herói começaram a ser publicadas em 1928, quando a série Young Buffalo Bill foi publicada com sucesso. De lá em diante, o cinema e os quadrinhos popularizaram e fizeram dele o mito que é hoje. No Brasil, a Rio Gráfica Editora e posteriormente a EBAL publicaram suas histórias. Após sua morte, foi sepultado a seu pedido no cume de uma montanha perto de Denver. No Colorado há uma colina chamada colina de Cody em sua homenagem. A revista que conta a história do duelo com Mão Amarela é uma raridade no mercado dos gibis.

Djalma Vasconcelos

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