Criado em 1912 pelo escritor inglês Sax Rohmer (Arthur Henry Sarsfield Ward) 1883-1959, na novela The Mystery of Dr. Fu Manchu , é até os dias atuais, o mais diabólico vilão de livros, filmes, rádios e histórias em quadrinhos de mistério. Na primeira metade do século XX, o ocidente via com muita reserva e até certo temor, o habitante do extremo oriente e sua cultura era considerada bárbara, exótica e condenada. O motivo desses conceitos talvez seja pelo fato de países como Índia, China e Vietnã, terem sido colônias da Inglaterra e França. Os ingleses combateram e proibiram a fraternidade secreta de assassinos e ladrões dos Tugues (Thugs), que há séculos operavam em toda Índia.
Na criação do Dr. Fu Manchu, Rohmer foi buscar inspiração nessa seita e de outras de origem chinesa que odiavam tudo que se relacionasse ao ocidente. Dotado de uma inteligência extraordinária e conhecedor da medicina tradicional chinesa, porém voltado para o mal, o “yellow danger” criou uma organização internacional criminosa chamada Si-Fans, formada em sua maioria por membros Thugs, Dacoits e Hindús, que não temiam a morte, mas que obedeciam cegamente seu mestre.
Na época do sucesso da novela do Dr. Fu Manchu, ficou mais acentuado o conceito entre europeus e em todos os países do continente americano sobre os chineses que até bem pouco tempo eram tidos como ardilosos, traiçoeiros e que torturavam e envenenavam suas vítimas. Os assassinos Si-Fans usavam métodos silenciosos de matar suas vítimas como facas para degolar, venenos, animais peçonhentos como aranhas, escorpiões e cobras. Se esses assassinos eram majoritariamente de classe social baixa, o Dr. Fu Manchu era um nobre, descendente da etnia da região da Manchúria, de onde deriva seu nome e originário da dinastia Ming do século XVII. O nacionalismo extremado e conservador, fez com que seu desprezo por tudo que viesse do ocidente só aumentasse com o tempo. Convencido que a saída para a China dos seus sonhos passaria pela destruição da cultura ocidental, o levou a ser cidadão do mundo, pois nunca se sabia onde ele estava. Seu segredo maior consistia em um elixir que o tornava imortal.
Como todo vilão, ele também teve inimigos do bem, sendo o principal Sir Denis Nayland Smith e seu companheiro Dr. Petrie que nunca deram trégua no combate ao criminoso. Karamena, sedutora pesonagem que foi vendida como escrava para os Si-Fans, mas que teve um romance com Dr. Petrie e casa-se com ele. Fah lo Suee é filha do Dr. Fu Manchu (sim, o cara é hétero), bonita e perigosa. Ela já tentou comandar sem sucesso os Si-Fans e por muitas vezes ficou contra pai ao lado dos mocinhos. Assim como seu pai, ela é mestre em disfarces.
O sucesso desse misterioso personagem como não podia deixar de ser, foi para os gibis e até hoje tem histórias publicadas por varias editoras, como a Panini no Brasil. O personagem ainda não caiu no domínio público, por isso várias histórias vêm com outro nome e insinuando ser ele com disfarce. A mais antiga publicação no Brasil data de 1940 na revista “Mirim”, do Grande Consorcio de Suplementos Nacionais. A Ebal publicou nas revistas Quem Foi? e, Misterinho na década de 50 várias histórias desse ardiloso e imortal vilão. Ele fez escola e vários vilões vieram na esteira dele como o imperador Ming de Flash Gordon, Mandarim, inimigo do Homem de Ferro, Ra’s Al Ghul, inimigo do Batman. No cinema ele também teve sucesso com o ator Christopher Lee vivendo o personagem. No primeiro filme da série James Bond, o Dr. No é visivelmente inspirado nele. Tomara que seu elixir da imortalidade faça com que volte no século XXI.