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CAVALEIRO FANTASMA E CAVALEIRO NEGRO: DA GLÓRIA AO ESQUECIMENTO

CAVALEIRO FANTASMA E CAVALEIRO NEGRO: DA GLÓRIA AO ESQUECIMENTO

Para amantes das historias em quadrinhos, os personagens das revistas são como fizessem parte das suas vidas. Para os editores desses personagens são apenas produtos que só servem enquanto tiverem dando lucro. Nesse artigo tentaremos fazer uma comparação de dois heróis do faroeste, com leitores nos Estrados Unidos e Brasil, mostrando que nossa dependência do humor dos norte-americanos ainda é muito grande. Escolhemos dois heróis que fizeram muito sucesso em todo mundo até o final dos anos 60 e que ainda hoje faz parte do imaginário daqueles aficionados pelas histórias em quadrinhos.

CAVALEIRO FANTASMA. (Originalmente Phantom Ranger). Criado pelo escritor inglês naturalizado Australiano Jeff Wilkinson, com a colaboração de Peter Chapman no final dos anos 40 para a Frew Publications da Austrália, é uma cópia country do Fantasma de Lee Falk, sem que seus criadores tivessem o cuidado de esconder essa semelhança. Enquanto o Fantasma original foi encontrado pelos pigmeus na África e era chamado “espírito que anda” e considerado imortal, o Cavaleiro Fantasma foi encontrado pelos índios Navajos que habitavam o Arizona e era chamado por eles de Kina que quer dizer imortal na língua nativa e usava uma máscara semelhante a do seu colega da África. É raro encontrar gibis com histórias desse herói do começo de 1950, mas nos três primeiros anos ele também tinha um cavalo branco e habitava uma caverna numa das formações rochosas que existem naquele estado. Suas histórias aconteciam desde o começo do século XIX ao oeste do século XX, mostrando que ele tinha uma linhagem de descendentes. Depois do sucesso nos comics, virou programa de rádio na Austrália e outros roteiristas mudaram as características dele. No Brasil a Editora La Selva foi a primeira a publicar suas histórias e em 1960 a Rio Gráfica Editora lançou revista com seu nome que teve tremendo sucesso. Com a chegada dos super-heróis, o gênero faroeste foi perdendo mercado em países de língua inglesa e em 1968 a RGE descontinuou a revista no número 99. Durante o período na Rio Gráfica, esse herói foi desenhado por artistas brasileiros como Walmir Amaral e Milton Sardella. Tempos depois, a Marvel ficou com os direitos do personagem e lançou um novo Cavaleiro Fantasma de Roy Thomas e Dick Ayers que serviu de inspiração para criação outro herói do gênero e dessa vez motorizado, o Motoqueiro Fantasma. Mesmo sendo um genérico do Fantasma de Lee Falk, Kina ainda é imortal para muitos saudosistas.

CAVALEIRO NEGRO. Black Rider- Foi outro herói mascarado do velho oeste criado para os quadrinhos e que deixou saudades entre os brasileiros. Idealizado e concebido pelo desenhista Syd Shores para a revista All-Western Winners da Timely Comics (Marvel) em 1948. No ano seguinte as primeiras histórias foram publicadas no Brasil na revista Gibi Mensal. O personagem Matthew Masters, alter ego do Cavaleiro Negro foi inspirado em outro mito do velho oeste, mas que realmente existiu, Doc Holliday. Masters também era conhecido como Cactus Kid, um facínora versado em lutas e exímio atirador e de enorme força, que foi perdoado pelo governo e tornou-se médico. Para esconder sua identidade de Cavaleiro Negro, como médico dizia que tinha pavor de armas e brigas, no que era ridicularizado. Esse fato chama a atenção para dois grandes heróis dos quadrinhos que foram copiados de maneira vergonhosa pelo criador do nosso cavaleiro. Quem se lembrou de Dom Diego de La Vega, o Zorro? Ou de certo kryptoniano conhecido como Clark Kent? O fato é que o público adorou e para diferenciar de outro herói de sucesso na época, mas de outra editora, Durango Kid, colocaram uma capa, que lembrava a do Superman. No Brasil ao invés de manter seu nome original no inglês, arranjaram um Dr. Heron Robledo (para sacanear o Zorro da EBAL) e seu cavalo chamado de “Moleza” enquanto o do herói mascarado era Satan. A Rio Gráfica Editora (Globo) lançou a revista desse personagem em 1952 e teve incríveis 245 edições. Quando a Marvel cancelou a produção das suas histórias, pela queda nas vendas do gênero faroeste nos Estados Unidos, a Rio Gráfica resolveu dar prosseguimento ao personagem no Brasil, pelo sucesso que fazia. A saída foi produzir aqui as histórias, mas na verdade ela apropriou-se de um personagem espanhol dos quadrinhos chamado Gringo e com o talento de artistas brasileiros que não vamos citar, adaptaram as histórias dando continuidade ao herói. A RGE também se utilizou de algumas capas da revista da EBAL Durango Kid e as publicou como sendo o Cavaleiro Negro. Isso serviu para acirrar mais ainda a briga entre as duas editoras já citadas em artigo anterior. A onda dos super-heróis foi esmagando aos poucos os personagens do faroeste nos Estados Unidos e influenciando em outros países, inclusive Brasil, o cancelamento de revistas do gênero, que deixaram de dar lucro. Os europeus, principalmente os italianos se aproveitaram desse hiato e como tinham tido sucesso com os filmes de faroeste macarrônico, investiram em heróis do oeste como Tex Willer e Ken Parker por exemplo, mas aí já é outra história.

Djalma Vasconcelos

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