Criado por Bill Parker e C.C. Beck em 1939... Opa! Para prosseguirmos falando sobre o Capitão Marvel, vamos voltar um ano antes, pois a origem dele começou naquele ano. Com a criação do Superman por Jerry Siegel e Joe Shuster e o sucesso rápido do seu lançamento pela Action Comics, estava claro que a concorrência não ficaria parada e heróis com superpoderes iriam infestar as editoras americanas. Mas nada tão poderoso como o que a Fawcett Comics lançou. Talvez uma das criações mais bem boladas dos quadrinhos, pois se o negócio era concorrer com um herói que era praticamente um deus, nada melhor que recorrer à Deuses.

Criado para ser o Capitão Trovão (Captain Thunder), teve sua primeira publicação em 1940 na revista Whiz Comics, mas a editora foi obrigada a mudar o nome, pois já existia um homônimo em outra concorrente. A trajetória desse herói é marcada por processos judiciais pelo uso da palavra “marvel”, maravilha em inglês e também com a National Comics (que virou National Periodical e depois DC Comics), que brigou anos com a Fawcett por acusa-la de plágio do superman. Anos depois a DC compraria os direitos sobre o personagem.

Não vamos aqui falar o que todos sabem sobre a origem do Capitão Marvel (os americanos são fissurados na patente de capitão) e sim sobre a personalidade dele e do seu alter ego, William Joseph “Billy” Batson. O jovem baixinho e franzino, que ao pronunciar a palavra que é um acróstico de seis personalidades históricas, transforma-se num ser de mais de um metro e oitenta e pesando mais de cem quilos. Invulnerável, com velocidade, força, coragem, poder de se comunicar com o Rei Judeu Salomão, tido como o mais sábio dos homens é quase imortal. Mas se analisarmos seus feitos heroicos vamos notar que de Salomão ele herdou muito pouco. Suas histórias são bobas e até mesmo infantis. Com tanto poder, como é que em suas aventuras o herói “maravilha” na maioria das vezes se deixa enganar por um cientista, baixinho, fraco, apenas com o poder de ser mau, caindo nas já manjadas armadilhas?

Bill Parker, primeiro roteirista do Capitão Marvel, perdeu a oportunidade de colocar sua criação num patamar em que está hoje, Superman, Homem-Aranha, Batman, e muitos outros. Com histórias fracas, mesmo assim no começo, o publico americano se encantou com o herói e a palavra SHAZAM virou sinônimo de poder entre a gurizada da época. Enquanto outros heróis eram enviados para combater o nazismo na segunda guerra mundial, com todo seu poder, nosso herói ficou combatendo o Dr. Silvana e terminando suas aventuras com Billy Batson lendo um noticiário bobo na emissora Whiz. Teve até algumas histórias com ele combatendo o Capitão Nazista (mais um capitão), mas seu inimigo mortal nunca deixou de ser Dr. Silvana.

O carma desse personagem é tão pesado que achando pouco a briga pelo nome MARVEL, já que a antiga editora concorrente tinha mudado seu nome para a potência que é hoje, ainda perdeu os direitos em outros países, como a Inglaterra. A Fawcett avacalhou mais ainda a situação da família Marvel, (nessa altura, já havia Mary Marvel e Capitão Marvel Jr) e através de uma editora inglesa, criou Jack Marvel, uma cópia do original, que ao pronunciar a palavra KIMOTA, um anagrama da palavra atomik, se transformava em super-herói. Tudo isso serviu para abalar a vida do nosso SHAZAM, que é como deveria ter sido chamado desde o inicio. Teve tanto sucesso no começo que até virou série de cinema em Hollywood.

Dois fatos que chamam a atenção dos fãs desse herói: ele teve seu rosto inspirado no do ator Fred MacMorray muito famoso na época e também por sua roupa não ter a cueca por fora da calça como um certo kriptoniano. Esse personagem poderia ter tido mais sucesso, não fossem os anos de briga pelo uso do nome Marvel e se tivesse caído anos depois em mãos de artistas do quilate de Stan Lee, que espertamente criou o outro Deus para a Marvel Comics, o poderoso Thor. Esse, de domínio público é uma mina de ouro. Tomara que o Capitão Marvel dê uma nova volta pela pedra da eternidade e avance para o futuro e lá, encontre seu lugar merecido entre os heróis dos quadrinhos. Nós aqui ficaremos gritando: SHAZAM.

Djalma Vasconcelos