No começo dessa série de artigos dissemos que desde o cinema mudo, o gênero western chamou a atenção das editoras de comics nos Estados Unidos e que artistas como Tom Mix, Rocky Lane, Roy Rogers e muitos outros citados anteriormente foram para os quadrinhos. Em quase todos os filmes de faroeste B, a presença de um ajudante do mocinho era quase obrigatória. Talvez para mostrar que mesmo sendo valente e justiceiro, não era imortal e esses ajudantes expunham os lados humanos dos heróis, mas também poderia ser para justificar a falta de uma companhia feminina, já que a maioria deles raramente tinham namoradas. Esses ajudantes, também desviava a atenção do público pelo celibatarismo dos heróis com suas palhaçadas ou tiradas satíricas. As décadas de 30 e 40 do século passado foram as mais prósperas para esse tipo de personagem, pois com o surgimento do cinema falado, muitos astros saíram de cena, fazendo com que Hollywood pensasse um modo de concorrer com os super-heróis que surgiram nessa época e dominaram os filmes de desenho animado e as histórias em quadrinhos.

O sucesso desses ajudantes de heróis foi imediato e tanto as bilheterias dos cinemas como a venda de revistas do gênero mantiveram uma curva ascendente até 1950. Vale ressaltar que o baixo custo de produção de filmes B, dava uma lucratividade muito maior que produções de primeira linha, por isso, alguns desses ajudantes passaram a ter tratamento de superstar e a ganhar às vezes mais que os protagonistas principais. Pequenos estúdios como a Republic Pictures Corporation e RKO Pictures, passaram a concorrer com grandes estúdios como Metro-Goldwyn-Mayer, 20th Century Fox, contratando astros como John Wayne para trabalhar ao lado de Roy Rogers e Gene Autry que estavam em começo de carreira. Essa estratégia de marketing deu certo até o final da década de 40, quando o gênero faroeste deixou de dar lucro e esses estúdios especializados em séries e filmes de curta duração foram comprados e seus acervos migrados para a televisão. Para homenagear esses coadjuvantes, escolhemos três nomes que se destacaram entre tantos outros.

Smiley Burnette -1911-1967-. Cantava, tocava acordeom, guitarra e banjo. Era compositor de suas próprias músicas country e bastante conhecido no meio musical, quando em 1933 foi contratado por Gene Autry. Com a consolidação dos filmes sonoros, sua voz chamou a atenção de produtores que o contrataram para fazer 12 filmes com Autry. A voz ficou marcada em seus filmes e seu chapéu preto de abas mole sua marca registrada. Apareceu em mais de 150 filmes, destacando-se os que ele fez de 1945 a 1952 para a Columbia Pictures na série Durango Kid. Esse ator nunca foi para os quadrinhos, mas inspirou a criação de outros. Suas músicas ficaram famosas e foram regravadas posteriormente por grandes cantores norte-americanos.

ANDY DEVINE- 1905-1977. O ajudante de cowboy mais gordo dos quadrinhos. A marca registrada desse ator era a voz esganiçada, que fazia rir toda vez que entrava em cena. Atuou em mais de 200 filmes para o cinema e Televisão, mas nem sempre como ajudante de cowboy. Trabalhou com grandes nomes como John Wayne e Roy Rogers, mas foi na série de filmes para a televisão The Adventures of Will Bill Hickok, ao lado do ator Guy Madison de 1951 a 1958, que seu talento foi reconhecido. Desde sua atuação ao lado de Roy Rogers na década de 40, tinha chamado a atenção para os quadrinhos, mas isso só foi possível em 1950, quando no final do ano a Fawcett Publications lançou sua revista e dois meses depois foi cancelada pelo fracasso nas vendas. O sucesso no cinema não foi o mesmo nos comics.

GABBY HAYES- 1885-1969. O mais famoso e conhecido parceiro dos mocinhos em filmes de faroeste B. Entrou para o cinema por acaso, pois com a quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929 ele também faliu, pois tinha investido tudo que ganhou em circo e vivia uma aposentadoria precoce. O Produtor Trem Carr tão logo o viu gostou do seu tipo e o levou para Hollywood onde fez trinta filmes em seis anos. Trabalhou no papel de Windy Halliday, sidekick do personagem Hopalong Cassidy (William Boyd) por quatro anos. Sua barba e sorriso eram marcas registradas nos personagens que muitas vezes não era tão fiel ao mocinho. Também atuou ao lado de Will Bill Elliott, Gene Autry e Roy Rogers, onde fez mais de 40 filmes. Sua fama o levou aos comics, onde teve revista própria nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, publicada pela Fawcett Comics e Toby Press. Suas histórias também fizeram relativo sucesso no Brasil e foram publicadas nas revistas O Guri e Xuper X. Esse ídolo da garotada fez mais sucesso que muitos cowboys da sua época, como Johnny Mack Brown e Rex Allen. As revistas com suas aventuras são bastante valorizadas nos países de língua inglesa. Todos três artistas citados nesse artigo foram reconhecidos pelo seu talento e homenageados com uma estrela no Hollywood Walk Fame.

Djalma Vasconcelos